Mercado global deve ultrapassar US$ 1,8 bilhão no próximo ano, puxado por alta demanda por projetos autorais, inclusão estética e presença de artistas internacionais
- A tatuagem consolidou-se como expressão estética e elemento da economia criativa. Em 2025, o setor mantém trajetória de crescimento impulsionado por três pilares principais: a valorização do trabalho autoral, a profissionalização técnica dos estúdios e o avanço do turismo estético internacional. De olho nesse cenário, artistas e especialistas projetam um 2026 ainda mais forte, tanto em volume de sessões quanto em faturamento global.
Segundo projeções da IBISWorld, o mercado de tatuagens nos Estados Unidos deve encerrar 2025 movimentando US$ 1,65 bilhão, com expectativa de ultrapassar a marca de US$ 1,8 bilhão em 2026. O crescimento está ancorado no aumento da procura por tatuagens hiperpersonalizadas e na expansão da atuação de artistas estrangeiros em grandes centros como Nova York, Los Angeles e Miami.
Para o tatuador português Tiago Salgado, especialista em realismo preto e cinza e artista convidado em estúdios na França, Alemanha e, em breve, nos EUA, a tatuagem vive uma fase de sofisticação criativa. “Hoje, o cliente busca uma obra de arte na pele. Ele quer um projeto exclusivo, com estudo técnico, conceito visual e uma assinatura clara do artista. Isso muda o tipo de demanda e também eleva o ticket médio do serviço”, afirma.
Entre as tendências mais fortes de 2025, que devem se consolidar no próximo ano, está o uso de técnicas híbridas que mesclam estilos como realismo, pontilhismo, surrealismo e geometria sagrada. A ideia é fugir dos padrões genéricos e criar composições únicas, com diferentes texturas e profundidade visual. Segundo levantamento do portal Tattoodo, principal plataforma de curadoria de artistas, esse tipo de técnica cresceu 27% nas buscas globais no primeiro semestre de 2025.
Outra tendência é o avanço da tatuagem em tons de pele variados, rompendo paradigmas antigos sobre visibilidade e contraste. Salgado destaca a importância de uma formação mais inclusiva. “Não existe pele impossível de tatuar. O que existe é falta de preparo técnico. Cada tom exige escolhas diferentes de contraste, profundidade e composição”, explica.
O setor também passa por uma reconfiguração do perfil de consumo. De acordo com a Statista, 46% dos jovens entre 18 e 34 anos nos Estados Unidos já têm ao menos uma tatuagem e 26% planejam fazer uma nova ainda em 2025. Esse público prioriza experiências seguras, ambientes acolhedores e contato direto com o artista, inclusive antes da sessão. Plataformas como Instagram e TikTok se tornaram vitrines para o agendamento de sessões personalizadas, com espera de até seis meses nos perfis mais requisitados.
A internacionalização de artistas é outro fator que deve ganhar força. Segundo a Ink Trail, consultoria especializada no setor, mais de 20% dos estúdios norte-americanos de grande porte devem receber artistas estrangeiros em 2026, numa dinâmica que aquece o turismo estético. “O cliente não quer apenas tatuar, ele quer viver a experiência com aquele artista específico. Já atendi pessoas que viajaram da França ao sul de Portugal só para tatuar comigo. Esse tipo de movimentação gera impacto em hotelaria, gastronomia, transporte e varejo local”, conta Tiago Salgado.
Por fim, a expectativa para 2026 é de maior formalização do setor e criação de selos de qualidade em países da União Europeia e América do Norte. A regulamentação busca proteger tanto os artistas quanto os clientes, exigindo comprovação técnica, biossegurança e rastreabilidade dos materiais utilizados.
“O mercado está cada vez mais maduro e exigente. Ser tatuador hoje é ser artista, gestor, comunicador e técnico de saúde. Quem acompanhar essa evolução vai prosperar — quem resistir, vai ficar para trás”, conclui Salgado.
A agenda de Tiago Salgado para os EUA será divulgada em seu Instagram oficial: @tiagosalgado.tattooer, onde também compartilha bastidores, projetos inéditos e orientações para quem deseja fazer da tatuagem uma experiência consciente, artística e duradoura.
