Genética hortícola como motor de competitividade: a trajetória de João Schumaikel no agronegócio brasileiro

Empresário paranaense consolida liderança nacional em sementes e projeta entrada no mercado dos EUA com foco em inovação agrícola e demanda por alimentos funcionais

Curitiba é o ponto de partida de uma das histórias mais consistentes da horticultura brasileira. Aos 44 anos, João Henrique Kozlik Schumaikel soma 27 anos de experiência no agronegócio e está à frente de uma das principais empresas do país no comércio de sementes e insumos agrícolas. Com atuação consolidada em quase todos os estados brasileiros e relações comerciais com fornecedores de 15 países, o empresário agora projeta uma expansão estruturada para os Estados Unidos, de olho no crescimento da demanda por alimentos com valor nutricional diferenciado.

“Não se trata apenas de vender sementes, mas de oferecer soluções que transformem o setor. A genética hortícola tem potencial para redefinir o padrão de consumo”, diz Schumaikel, gestor geral da empresa com sede em Curitiba (PR).

A afirmação vem em um momento em que o mercado global de sementes hortícolas é avaliado em mais de US$ 10 bilhões, com expectativa de crescimento médio de 6,4% ao ano até 2030, segundo relatório da Markets and Markets. No Brasil, o setor de hortaliças movimenta R$ 40 bilhões anuais, com destaque para tomates, alfaces, pepinos e pimentões, culturas nas quais a empresa de Schumaikel atua com liderança de mercado.

O portfólio da empresa inclui sementes de tomates tipo grape, pepino japonês, alfaces em diversos formatos e cores, mini pimentões e berinjelas exóticas. Ao todo, são mais de 3 mil clientes ativos no Brasil, em um modelo de operação que alia ciência agrícola, escalabilidade e logística eficiente.

A ideia da internacionalização nasceu da observação de tendências de consumo no mercado norte-americano. De acordo com o USDA, 73% dos lares nos Estados Unidos consomem algum tipo de hortaliça orgânica com regularidade. E os consumidores estão dispostos a pagar entre 10% e 40% a mais por alimentos com maior valor nutricional ou apelo estético diferenciado.

“Os Estados Unidos já sinalizam abertura para produtos com diferencial genético. Lá, a busca é por hortaliças funcionais, saborosas, de preparo rápido e boa aparência visual”, afirma Schumaikel. O plano inicial envolve a instalação de uma base de testes na Flórida ou Califórnia, dois estados líderes na produção agrícola do país.

Apesar de hoje liderar uma operação com alcance internacional, Schumaikel construiu a carreira a partir do serviço público estadual, aos 18 anos, como técnico agrícola. Trabalhou em duas empresas do setor de horticultura antes de fundar sua própria empresa em 2007. Aprendeu desde a logística de transporte até gestão estratégica e negociação internacional. “Comecei carregando caminhão e hoje participo de reuniões com grupos globais. O conhecimento operacional nunca me abandonou”, relata.

A diversificação genética oferecida por sua empresa também responde à crescente preocupação global com segurança alimentar e sustentabilidade. Segundo dados da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), mais de 75% da diversidade genética das culturas alimentares foi perdida no último século. No Brasil, 90% da produção hortícola é concentrada em pequenos e médios produtores, altamente impactados por pragas, clima e qualidade das sementes.

Para Schumaikel, genética é produtividade, e produtividade é segurança alimentar. “Uma variedade mais resistente significa menos uso de defensivos, mais rendimento e alimentos com melhor qualidade final. Esse impacto chega direto ao prato do consumidor”, pontua.

O empresário destaca três aprendizados principais ao longo da trajetória:

  • Atenção ao ciclo do negócio: “Nem sempre é hora de crescer. Às vezes, recuar preserva o negócio.”

  • Gestão de pessoas como prioridade: “Equipes comprometidas e bem treinadas fazem a diferença na resiliência da empresa.”

  • Visão internacional com responsabilidade local: “Adaptar soluções às necessidades de cada território é mais eficiente do que copiar modelos.”

Com a expansão internacional em fase avançada de planejamento, João Schumaikel se posiciona entre os líderes de um setor em transformação. Para ele, o futuro da alimentação passa pela genética,  e o Brasil pode liderar esse movimento.

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